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O triângulo terapêutico realmente funciona?

Atualizado: 26 de abr. de 2020

Embora transcorra em um ambiente permeado de expectativas quanto a futuras mudanças, a terapia de casal é marcada, sobretudo pela neutralidade profissional. Cada parte da relação traz consigo os registros positivos e negativos da vida a dois, e é no setting terapêutico que casais em desalinho buscam uma intervenção profissional para relações muitas vezes fadadas ao fracasso.

Alguns buscam a terapia de casal para conseguir o divórcio sem maiores transtornos relacionais, outros buscam auxílio para uma relação que, apesar de manter acesa a chama dos sentimentos, encontra-se em verdadeira ruína. Há, ainda, quem lute pela relação mesmo que o parceiro já vislumbre outro movimento de vida. A terapia deve atender, dessa forma, a interesses diversos. No geral, casais em desarmonia anseiam por uma solução menos traumática.

Com frequência, ao buscar suporte para a relação, um ou ambos os cônjuges percebem o quanto problemas de ordem individual interferem no casamento. Os motivos são os mais diversos possíveis: ansiedade, depressão, insegurança pessoal etc. Transtornos específicos costumam afetar diretamente o todo, desencadeando, entre outros fatores, tensão entre o casal, desarmonia na relação diádica, crenças disfuncionais, comunicação inadequada e inabilidade para resolver conflitos. Sem falar nas desordens acarretadas por fatores como má administração financeira, desacordos profissionais, infidelidade afetiva ou mesmo inapetência sexual.

É preciso que, ao decidir trabalhar com casais, o profissional tenha, além de afinidade para se estruturar com empatia o vínculo terapêutico, habilidade para inserir técnicas específicas estruturadas e padronizadas para um trabalho eficaz. Inicialmente, faz-se necessária uma apurada construção histórica da relação, bem como uma análise aprofundada dos principais fatores que contribuem para os conflitos conjugais. A partir do ângulo de visão do casal, o psicólogo avalia os “pontos-cegos” da relação, os processos transferenciais, as resistências, os pactos afetivos que o casal carrega, a manutenção de crenças disfuncionais, o estabelecimento da comunicação entre o casal etc. Com bastante clareza, é importante que o psicólogo apresente ao casal as principais técnicas e exercícios comportamentais aplicados no tratamento.

O suporte egoico oferecido pelo terapeuta a essa relação triangular irá proporcionar aos participantes identificação e modificação de crenças inadequadas; treino sistemático para a automonitoração de pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais; treinamento da comunicação assertiva para a resolução de problemas… É preciso que ocorra uma intervenção assertiva, no sentido de clarificar ao casal quais os anseios em comum para a relação: uma separação com o menor desgaste emocional ou a resolução de conflitos que resulte na reconciliação do afeto.

Infelizmente, por desconhecimento de técnicas ou insensatez para lidar com essas causas, ocorre o que disse Iara Anton, em sua obra “O casal diante do espelho” (pág.17): Alguns terapeutas decidem que o casal “está bem”, encorajando-o a dar por encerrado o processo, e o mesmo casal busca imediatamente a ajuda de outro terapeuta, por imaginá-lo mais capacitado a aprofundar o trabalho aspirado. 

Os estudos recentes mais avançados, no que tange a tratamentos com psicoterapia de casal, discorrem com base na terapia cognitivo-comportamental e estabelecem um protocolo padronizado de técnicas específicas, planejadas em torno de 15 a 20 sessões.  Nessa metodologia de trabalho, a sessão conjunta tem duração média de uma hora e trinta minutos, enquanto a consulta individual é feita em 45 minutos. A frequência do casal ao tratamento é, a priori, semanal.

É importante que a pessoa, ao procurar um psicólogo, seja conhecedora de sua atuação profissional; deve-se saber que, embora esse profissional tenha um papel ativo durante o tratamento, não é um amigo financiado. Nesse sentido, triângulo terapêutico é estruturado com base em um contrato de trabalho em que 50% da responsabilidade são do profissional, cabendo ao paciente abraçar os outros 50% do processo terapêutico para que a grande meta seja alcançada com sucesso.

Assim, se você perceber que os problemas no seu relacionamento afetivo já passam dos limites e chegam a perturbar demais a relação, convença o seu parceiro a procurarem juntos uma boa terapia de casal. Essa ação pode tornar mais sábia e madura sua convivência.


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